quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Minha Malmö

Pois é… às vezes deixo-me levar tanto pelo sentimento… essa minha veia tão portuguesa de viver sempre em nostalgia, a sonhar, com cabeça no ar, que me esqueço de pensar no mundo real.

Reparei que pouco escrevi sobre a minha cidade. A cidade que aprendi a amar como se fosse minha, quase que contra a minha vontade. Tirei também poucas fotos. Hoje sinto-me como se acordasse e percebesse que, de repente, já passaram mais de 3 meses. E parece que acabei de chegar...

Levei o meu tempo a tecer a minha vida aqui, a criar tramas, ligações. Posso dizer que levei três meses, a ter os meus amigos: a minha família provisória, mas que vai ficar para sempre no meu coração. Foi difícil ao início, largar tudo, mas já me tinha esquecido como é bom começar do zero, e como tudo é tão belo, tanto à despedida (de Portugal), como à descoberta. Como é bom ter o coração a bater a mil e o imprevisto sempre À porta, deixando espaço para todas as boas surpresas.

Hoje faz sol em Malmö. O céu está azul, muito azul, um azul tinta, carregado, mas brilhante. “Vocês não têm deste céu em Portugal, é o céu escandinavo” diz um dos dos meus chefes suecos. “E no inverno, se tivermos muita sorte e nevar, a neve reflecte o sol e aí sim, fica tudo lindo!” Acrescenta Emma, a minha colega sueca que ontem me levou a sair a um concerto de músicas do Prince num dos clubes de Malmö. Foi muito giro. Eu, de frente ao meu computador, intercalo um relatório de Marketing de vinhos com visitas pontuais aos blogues do pessoal e dou por mim a viajar pela Índia, Peru, Espanha, Alemanha… enquanto não consigo manter a minha concentração e sou assolada por ondas de nostalgia que me fazem escrever… escrever…

Mas as minhas palavras todas não chegam para descrever o tanto que acontece nos meus dias. As surpresas que tenho, as pessoas que encontro, os festivais em que estive, as festas nos parques, cultura, concertos e cinemas ao ar livre. Mas amo especialmente, aqueles dias em que saio de casa e não sei o que me vai acontecer. E acabo numa casa de Erasmus a beber Baileys e partilhar experiências com pessoas que conheci no caminho. Ou numa Street party do European social Forum, terminando numa Qweer party num cinema alternativo. Ou a passar a noite a passear nos canais de Malmo a ver concertos tocados dentro de um barco. Ou a fumar sheesha num bar árabe com um iraquiano chamado Osama, ironicamente no dia 11 de Setembro. Ou tanto mais.

Também gosto da sensação de achar perfeitamente natural que vá sair e nenhuma das pessoas seja do mesmo país. Ser “normal” sair com nacionalidades tão exóticas e diferentes, todos os dias: Vietname, Uruguai, Lituânia, França, Espanha, Ucrânia, Suíça, Austrália, e, claro, Suécia…

Já são 16h12. Em breve acabou o meu dia de trabalho. Ainda tenho tempo de passear um pouco, viver sem stress nem horários de transportes.

A caminho de casa passo sempre pela Stortorget (que significa praça grande), a praça principal de Malmo, sempre com turistas. Colada à Sortoget fica Lilla Torg (praça pequena - que falta de imaginação) onde passo para tomar um café na esplanada. Vivo mesmo no centro da cidade, na zona chique, embora sinta um encanto especial pelo bairro mais a interior: Möllen, que é, como costuma ser chamado, a “pequena Berlim”. E realmente faz lembrar.

Stortorget

Lilla Torg


E hoje talvez vá apenas descansar, respirar fundo… Ou talvez não.

Há sempre espaço para a descoberta…

Ao som de: Canteca de Macao - Los pies en aire

1 comentário:

life in patches disse...

liginha....ainha bem que ambientaste...estou desjosa de ir ai, ver a tu casinha, falar com os teus amigos.
ainda bem que estas bem, estou desejosa de comer um salmão contigo!
LAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAX!