domingo, 25 de janeiro de 2009

Glassfabriken


Nas mesas caoticamente organizadas dispõem-se pratos verdes, azuis, migalhas e guardanapos. Dispõem-se, à sua volta, pessoas organizadamente caóticas. Um pequeno mundo alternativo, num país de regras e rigores. As paredes irregulares, os quadros pendurados, os sofás coçados de todas as gentes que por aqui passaram, e uma grande estrela recortada no estuque, lembram-nos um qualquer espírito revolucionário. No ar, trocam-se conversas, entre velas e um ar húmido, e uma cor laranja que nos aquece a alma. E, nos olhos, pensamentos, tantos pensamentos.

À minha frente um casal “left wing”, com 2,5 pequenas meninas, discute, numa conversa instantânea, assuntos de alpinismo e tecnologia. À minha esquerda, grupos de amigos comem, falam ou, apenas, ficam. Ouve-se sueco e inglês. E à minha direita os meus companheiros continuam, fluentemente, a conversa em inglês com o casal “left wing”, tão prestável e simpático.

E assim se vive um domingo, neste lugar já tão comum e tão meu. Em mim resta um cansaço que me percorre o espírito como um suspiro e uma vontade de não falar, de não pensar, mas, tanta, de partilhar. De deixar que vida flua como o dia que corre, sem planos nem projectos, sem jogos nem estratégias, apenas com uma paz… a paz silenciosa de uma tarde de domingo.

No número 16 da rua "Kristianstadsgatan", como em tantas outras ruas por tantas outras cidades deste mundo, vivemos um momento. Uma coisa qualquer sem importância. Mas entre nós, com importância, atamos laços que ficam, e lições que se aprendem… Fluentemente, como o dia que passa, sem sequer perceber, construímo-nos, aprendemos, crescemos… E, seremos, no amanhã do dia que passa, um reflexo silencioso desta tarde de domingo…

Ao som de: The undertones - Teenage Kiks

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Eterna Inocência


"Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..."

Alberto Caeiro - O meu olhar (ainda mais especial porque me mandaste ...)

Por aqui, nem há palavras, nem imagens, nem pensamentos. Com o aproximar da partida chegam todas as emoções num turbilhão...

Choro quando quero rir, e rio sem perceber, e amo sem querer, e abraço e fico e perco-me e olho para todas estas pessoas, as ligações que fiz, todos os dias e todos os momentos. Tudo. A correr na minha memória num segundo.

Assim se vivem os últimos dias desta aventura.

Mas, terá terminado? Ou será apenas...

...o início?

"Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo..."

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O único pecado


"...existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simples mente uma variação do roubo.

— Quando você mata um homem, está roubando uma vida — disse baba.— Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai.

Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade.

Quando trapaceia, está roubando o direito à justiça.

— Não há acto mais infame do que roubar, Amir — prosseguiu ele. — Um homem que se apropria do que não é seu, seja uma vida ou uma fatia de naan... Cuspo nesse homem..."

Khaled Hosseini "The Kite Runner"


O 2009 começou com um desiquilíbrio na ordem natural das coisas. Um desiquilíbrio que interrompe um passeio normal na rua, uma confiança ingénua numa segurança falsa nas ruas de uma cidade falsamente segura. Um desiquilíbrio tão mínimo, tão suficiente para lançar o caos.

Queria eu acreditar que podemos confiar em todas as pessoas do mundo.

Mas, se há aqueles que roubam, há também os que nos ajudam a levantar, os que nos estendem a mão, os que anseiam para que tudo se solucione.

E, enquanto isto me passou pela pele, de raspão, oiço histórias de quem o possa ter vivido de uma forma assustadora.

Daqui, os meus grandes desejos para que tudo volte a ser
como era...
Ao som de: Grizzly Man - Rockettothesky

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Style sueco!

Se há algo que adoro nos suecos é este estilo louco. Para compensar um ambiente e personalidade mais reservadas, é interessante ver tanta exuberância.

Óculos de massa, franjas, roupas de boneca, lenços, misturas, xadrez, saias balão pela cintura, roupa em segunda mão...
Observem o slyle alternativo sueco:
Quero uns óculos iguais aos dela!...
... estilo lenhador-geek...

... o bigode está na moda... Também na foto, os típicos óculos suecos...

E, por aqui, continuarei a minha demanda de tirar fotos (in) discretas às pessoas inocentes por ruas e clubes de Malmö.


E, para ambientar, uma banda francesa/norueguesa ouvida num concerto nas noites de Debaser, em Malmö. Ei-los,

The Do:


Inverno em Malmö


Há muito a neve derreteu...
Mas não significa que o frio acalmou. Na verdade, este mar cinzento e tempestuoso não deixa que o clima páre... envia rajadas de vento húmido e gelado, destruindo, o equilíbrio que nos traria um pouco mais de branco, e o céu mais azul.
Sair à rua? Só para ir do ponto A ao B. A correr. E é o suficiente para nos paralisar a cara, nos gelar os dedos, os ossos, as orelhas. Para nos penetrar em cada poro da pele.
Nas ruas não há vivalma. Malmö parece ter-se transformado numa cidade fantasma. Os cafés e bares fecham mais cedo, horário de inverno. 6 da tarde e já se torna difícil encontrar cantinho para a nossa fika. Acabaram os concertos, os seminários, os festivais, a cultura.
Como um animal, a cidade hiberna.
E dentro de cada casa, das nossas tocas, nos recolhemos.
Quentes e quietos, à espera de um primeiro raio de sol...
Ao som de: Bella - Angus & Julia Stone (mais uma bela descoberta musical)

sábado, 10 de janeiro de 2009

O meu dia de Natal

Amanhecer na praia... e anoitecer pelas ruas em brisa de Verão... Passear de chinela no pé e biquini, jantar lagosta, dançar até já não haver mais ninguém ao nosso redor... acabar a noite a cantar bem alto o hino e todas as músicas de Portugal. Cantar músicas de Natal entre palmeiras e areia... trocar presentes numa tasca sem paredes, num dos cantos da cidade, com muita cerveja sevida em canecas de latão, entre portugueses, suecos, brasileiros... presentes vindos de todos os recantos do mundo... ser diferente mas, ser familiar... partilhar esse momento com as pessoas mais improváveis do mundo... Um gosto que me adoça a boca, um calor peganhento... tão longe, tão longe...

O meu dia de Natal... vivido no outro lado do mundo...
As belas cabaninhas (6 euros por noite, por cabana!!!)


Vindos de um passeio pela ilha

Em vez do peruzinho vai um tubarão-martelo... tadinho!


Um dos poucos vestígios de Natal... Mães Natal!!!


...e o amanhecer, de novo.
Mais tarde... a despedida de Koh Samui...

Ao som de: Russian Red - No Past Land

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Quero ficar aqui para sempre!!!

... deve ter sido a frase que mais disse nesses dias! Sempre que chegava a um sítio novo, sempre que pensava que já tinha visto tudo, a coisa mais bela, econtrava um lugar ainda mais impressionante. Quase penso que não mereço ver coisas tão bonitas.
Ora, largando a poesia, cá me explico. Se Maomé não vai à Montanha, a Montanha vai a Maomé. Se não me atribuem um destino de sonho no INOV, eu vou ter com esse destino de sonho. Assim, de impulso, troquei as minhas férias de Natal em Portugal por umas férias indescritíveis com a malta contacto e muito mais por terras do oriente. É preciso ousar! E perder a cabeça, por momentos!

Quase não tenho fotos. Muita coisa ficou só na minha memória, muita coisa nas câmaras fotográficas de outras pessoas, que irei colocando aqui sempre que possível. Por enquanto deixo-vos um por do sol em Aonang Beach, em Krabi. Uma das paragens do nosso percurso pela Tailândia. Sem destino, sem planos... apenas deixando-nos levar...

No autocarro, atravessando a Tailândia... de Koh Samui a Krabi








Tão bom.. é tão bom...
Ao som de: OLGA - Sol Mayor

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A aventura...

Ousei partir, de impulso.

Fiz as malas, inspirei fundo e pensei: "devo ser louca".

Saí porta fora.

À minha espera, a aventura...


(Aos meus amigos e família, desculpem esta minha ausência... vou em breve tirar muito tempo para encher este blog de fotos. Por enquanto vou tentando encaixar de novo os meus ritmos a este andar Sueco... )


E a aventura? Valeu a pena? Vale sempre a pena...

Até já!

Ao som de: Jailer - Asa