quarta-feira, 30 de julho de 2008

Casa


Fecho os olhos e deixo -me encostar a este repouso. E suspiro. Se os fechar consigo sentir o mundo a dar-me as boas vindas, a acolher-me a a cuidar de mim.

Deixo o sol bater-me na cara.
Aquecer-me os braços... os dedos... as faces... Deixo o sange circular-me um pouco mais lentamente nas artérias e revitalizar-me os órgãos.

Inspiro devagar.

Se escutar com muita atenção consigo ouvir a bênção da natureza que é o rumor do vento nos pinheiros e, ao longe, o som das ondas do mar...

E se inspirar com atenção consigo sentir todos os aromas da terra, céu e mar... A caruma dos pinheiros, o sal, as algas, e o cheiro a areia...

O sol aconchega-me o rosto e a brisa acaricia-me, como se me quisesse conquistar.

É o mundo inteiro naquele lugar. O reencontro de uma paixão, de o maior de todos os amores.

"Bem vinda a casa." Disse-me o Lugar, com todas as palavras da Natureza.
"Que saudades tinha de ti, meu amor..." Disse-lhe eu, com todas as palavras da minha alma.


Dias atribulados

Pois é... Não tenho escrito muito! Isso pode ser bom sinal, geralmente quem não escreve tem falta de tempo, e eu tenho-me mantido ocupada! Apenas posso resumir que os meus últimos dias têm sido muito loucos, muito intensos, e termino esta etapa de cabeça e coração cheios!

Comecei as últimas semanas num precipitar de encontros e conhecimentos. Estranhamente salva pelo couchsurfers, algus blogs, e a as coleguinhas da Ana Borga, lá me lancei eu a conhecer pessoas aqui em Malmö. Com cafés, jantares e saídas marcados, vivi ao máximo a minha experiência internacional! Almocei com suecas, jantei com finlandesas, orientais e suecos, fui assistir a um concerto com um americano, fui mostrar a cidade e um Belga e acabámos por ir parar a festa de anos de um bebé brasileiro, na casa de uma senhora de são paulo cheia de bebés alemães, polacos, brasileiros e gregos! Acabei em grande com a minha housewarming party, cheia de dançarinos de tango, dado que só o Daniel (o dono da casa) é que tinha amigos para convidar, e acabámos a noite num bar latino no qual se meterem comigo um macaco iraniano e um portugês passado da cabeça.

Foi giro.

Na verdade, ainda mais se passou, mas agora os dias vão mais longe e os pormenores vão-se perdendo. Os dias têm sido irregulares e ainda me falta muito para me sentir em casa, apesar de me estar a divertir imenso. Agora começa a luta pela estabilidade, pela rotina, pelos amigos. Ainda me falta isso. Ainda me falta o cafézinho marcado as 5h, a refeição às 8h, o dia de lavar a roupa, de comprar o jornal, alguém a bater à minha porta a pedir se pode jantar... ainda me falta o trabalho certo, os planos e horários, e agenda preenchida. Ainda falta, sobretudo, quem precise de mim.

Ainda ando feita louca. Ainda me esqueço de acordar as horas, ainda perco as chaves e fico à porta de casa sem saber o que fazer, ainda ligo aflita à Anouk para saber onde ela anda, ainda deixo cair coisas ao chão e entorno iogurte nos telefones que depois ficam sem funcionar, ainda perco carregadores, ainda me perco, ainda vou às compras e me esqueço do saco, ainda não faço ideia o que vou fazer amanhã... Ainda agora comecei!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

É sempre bom saber estas coisas...

Fico muito bem disposta por saber isto:
E hoje estamos com bom tempo hã, que sorte! Ontem chovia...

domingo, 13 de julho de 2008

Semana da música

Semana 3: Esta foi a semana da música.

Para grande contentamento meu encontro numa estante do posto de turismo o programa cultural de Malmö e descubro que, para compensar um tempo menos certo e uma praia que não passa de um pontão de madeira, existem vários concertos diariamente pela cidade, assim como cinema ao ar livre, passeios de bicicleta e contadores de histórias. Foi também nesta gloriosa semana que, finalmente, resolvi desenrascar e pegar numa bicicleta abandonada da rua e dar-lhe uns arranjos. Já tenho bike!!!! :D
De repente Malmö ficou maior e os meus passos mais rápidos. Bastou a vontade de partir à descoberta e uns ocasionais raios de sol para que eu não parasse um instante em casa!
Às vezes sozinha, outras acompanhada, uns piores, outros maravilhosos, lá andei eu a correr os concertos destas terras:
  • 2ª - Cat Power - No Folkets Park

  • 3ª - Não houve, único dia.

  • 4ª - Músicas de Eva Cassidy - concertos de pôr do sol ao pé do Turning Torso

A minha nova colega de casa

É-vos familiar? O arquitecto foi o mesmo que desenhou o parque das nações...

Chill out ao pôr do sol

  • 5ª - Toumani Diabaté, de Mali - Pildammsten Garden - Simplesmente maravilhoso!!!

A foto está má e não tranmite, mas cedo se tornou impossível não dançar! Grande acompanhamento e ritmo de toda a banda.

    Um solo do senhor a tocar a sua kora, instrumento típico de África, com 21 cordas de cana de pesca! Falta o resto da banda, cheia de ritmo.

  • 6ª - Jazfest de Copenhaga - Chaka Kan nos Jardins do Tivoli

A grande senhora que, na minha opinião, cantava pior que o coro:P

Ai que bom, Portugueses! O pessoal de Copenhaga :)

  • Sábado - Oomaigosh - A senhora era louca e por isso este concerto não foi tão agradável.

  • Domingo - El Perro del Mar (uma banda sueca- muito lindo, muito doce!) no Pildammsten Garden e Jazz de Malmö em Lilla Torg.

Adorei esta música tocada ao vivo, embora aqui esteja com fraca qualidade
A dar uma espreitadela ao Jazz de Malmö
E pronto, acabou por agora, mas ainda promete mais! A semana quarto vai-se revelar promissora. Finalmente os meus contactos cibernátuicos resultado de pesquises de blogs, fóruns, startrecker e couchsurfers começam-se a revelar. Tenho, agendado para cada dia da semana, encontros marcados para conhecer pessoas de Malmö, de todas as nacionalidades, desda a América ao Brasil e Coreia! Vamos esperar pela próxima novela...

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Lusco-fusco

Aqui, no Verão, anoitece às 22h00 e amanhece às... 2h30!!! E mesmo assim nunca chega a ser noite...

São 4h30 de puro lusco-fuso... Já está quase... tenho que festejar!!!

Céus de Malmö às 2h00:

terça-feira, 8 de julho de 2008

José Gonzalez

Quem diria que um dos meus artistas preferidos é Sueco?

Já gosto mais deste País!

Fica aqui uma do novo álbum, não me peguntem que raio é que faz aí o cabeça de porco:

Cat Power

Dia 7 de Julho... a Cat Power vinha cá a Malmö dar um concerto.

Ena! Seria uma coisa interessante para ir ver mas a Lígia Maria continuava sem qualquer companhia aqui por terras Malmenses... Mais uma vez, lá continuava a receber negas sempre que convidava os locais a sair. Apesar de alguns interessados em Copenhaga, a coisa era mais complicada por isso também ficou um pouco em águas de bacalhau.

Então lá decidi eu, em vez disso, fazer a bela da tese... trancada no escritório, o relógio a dar o tic-tac... e eu a ver as horas do concerto a aproximarem-se... Decidi abrir o myspace lá da mocinha, e escutar as suas músicas... os minutos a passar... BASTA! Vou sair!

E lá fui eu, mais uma vez sozinha, ver o que me esperava. O concerto era no Folkets Park, que eu acho maravilhoso! É um parque de diversões, jardim e tem bares e restaurantes. Para além disso acho que deve ser a zona mais alternativa de Malmö, com jovens de rastas, tatoos, roupa marada... tudo a fazer piqueniques! Ah que refrescante de se ver, pessoas diferentes!

E pronto. Lígia Maria lá se senta num banquinho com ar de perdida a olhar para as gentes a entrar no concerto. Não ia pagar entrada para ver aquilo sozinha! Ainda por cima a melancolia das músicas da senhora não seria o mais indicado para o bem estar psicológico de Lígia Maria...

Hum... seria caso para pergunar: E agora? Ficar à porta seria morrer na praia!

Depois de 40 minutos a olhar em volta a pensar: entro, não entro, vejo um gupo de pessoas a falar inglês a dirigir-se para a entrada. Num rompante dou um salto e vou atrás deles. Depois foi só fazer aquele ar desesperado que eu tenho tanto jeito para fazer e mendigar: "Excuse-me, can I go with you to the concert?"

- "Yes, of course!"

Ah!!! VITÓRIA!!! Já está, primeira barreira da vergonha vencida! Acreditem que me senti completamente idiota, apesar de ser uma coisa tão simples. Ainda por cima porque já tinha feito isto várias vezes quando, constantemnte, me perdia no Sudoeste e arranjava técnicas para me colar a pessoal desconhecido! E acreditem, é muito fixe! Acho que ando a começar a ficar um pouco contagiada com a timidez sueca...

Então lá fui eu ver o concerto com uma canadiana, uma italiana, e um italiano chamado Simone. A senhora Cat Power cantou bem, com a sua bela voz de veludo, embora na primeira parte do concerto tivesse prolongado demasiado as suas já prolongadas músicas. As leis suecas fizeram-se logo notar. Quem quisesse beber não podia estar no recinto do concerto, apesar de ser ao ar livre, tinha que ir para dentro de uma espécie de curral! O concerto foi extremente pontual e terminou ao prazo indicado das 23h, hora na qual Cat Power foi proibida de continuar a cantar, por muito fortes que fossem os aplausos. Assim limitou-se a dançar um pouco, a fazer sinais indicar que não podia continuar e a atirar flores ao público. Que gentil!

E pronto, sinto-me bem! Parabéns para mim! :)



Cat Power - The Greatest:

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Um pouco mais sociável...

Hoje chega a minha nova colega de casa... É holandesa, por isso vou poder ter um pouco da minha tão desejada mas não conseguida experiência na Holanda. Para além dela ainda temos o famoso dançarino de tango Sueco-Argentino.

Giro, não? A coisa promete... :P

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Despertando os sentidos...

"Cor escura, a hesitar entre o vermelho intenso e o vermelho carregado. Percebe-se já uma pequena evolução cromática com alguns tons a querer tender para a cor tijolo...Presença de fruta vermelha, embora discreta, ligeiro floral apelativo e delicado, que surge acompanhado por curiosas notas de apara de lápis, couro e caixa de charutos. Nota-se um forte aroma a café acabado de moer, tal como umas sensações tostadas que valorizam o aroma.Primeira constatação na prova de boca, os taninos são possantes e robustos, muito mais vigorosos que a prova aromática poderia fazer supor. Que não sobrem quaisquer dúvidas, é um vinho másculo! No entanto, a acidez forte acaba por domar em parte a carga tanínica, embora não consiga impedir que o final de boca seja marcadamente secante. Fica-nos pois em memória e no palato uma sensação de rusticidade que não se desvanece. A entrada na boca faz-se de forma algo discreta, o seguimento é semelhante, e só no fim o vinho parece acordar, de forma algo intempestiva."

Comentário prova - Quinta de Côtto Grande Escolha 2000
Perco-me a ler as notas de prova dos vinhos... São poesia...
Um vinho tem alma, personalidade e temperamento, como as gentes... Traz consigo histórias e recordações, como se abríssemos uma velha arca de memórias... Um vinho cresce, envelhece. É novo e jovem, instável e imaturo, ou idoso, polido e maduro. Um vinho aproxima-se, olha-se, cheira-se, dá-se a conhecer. Depois, derrama-se e explode-se em sabores! Sabores de gente, de terra, de histórias da minha avó, das pedras agrestes da minha terra e mil e um sabores num segundo!

Como se eu abrisse um velho álbum de fotografias, mas pudesse mergulhar nelas e senti-las, respirá-las e vivê-las!

Depois vai... e deixa Saudade. Permanece em nós mais um pouco numa despedida mais ou menos lenta, e diz adeus com arte e sabedoria de quem carrega a História nos seus ombros.

Despertaram-me os sentidos...