sábado, 28 de fevereiro de 2009

As coisas que ficam

Suécia

Do passado, recordo pequenas lições...

"Fazer sempre o que nos apaixona..."

"... encontrar alguém que pense como nós..."

"...estar atento ao instinto..."

"...sorrir."

Do passado, recordo, e penso como amanhã poderei ser melhor...

De quem ainda anda
...um pouco perdida.

Ao som de: Paco de Lucia - Entre dos Aguas

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Changing lifes

Hamburgo

Ela disse-me que eu vivia um parêntesis da minha vida. Talvez seja verdade. Viver deste modo, em pedaços, pequenas realidades. Uma vez escrevi algo sobre um homem que um dia sonhou, acordando sem a conseciência se seria um homem que sonhara ser borboleta ou uma borboleta que sonhara ser homem. Hoje sinto-me assim. Acordando em cenários. Mudando em estações. Mudando vida. Uma irrealidade flutuante.

Cheguei a um cruzamento. Aqui é preciso seguir caminho. Andar por uma estrada que não se medirá em quilómetros, mas em tempo. E no tempo de escolhas, com o mundo ainda à nossa frente, somos enfrentados com dois sentimentos: um sentimento feliz, que nos dá a liberdade que vivemos, e um sentimento de medo da escolha, pois ao escolher, temos que negar todas as outras alternativas.
Até lá vive-se apenas, neste limbo, em pequenos parêntesis. Até a força do coração me abrir os olhos e me mostrar o caminho, entre todas as outras realidades arrastadas pelo tempo.
Ao som de: Hoje não há som... mas embalo-me em recordações...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

De volta

De volta a casa.

De volta aos dias de sol ofuscante, banhando casas coloridas, pedras antigas, esculpidas em arabescos.
Telhas, muros, árvores verdes e flores. Predras da calçada. Os recantos do Bairro, a vista do Adamastor. Pessoas na rua, Carnaval, gente que dança, festa festa festa. O Porto em tons românticos. Luz laranja e cinzenta, cafés indianos e ruas de artistas. Miradouros, tantos miradouros. O Fantasporto. Pessoas que nos abrem a porta como eu tantas vezes abri. Tantos jantares e sorrisos, tanta coisa que quase nem sei onde olho ou com quem falo. Noites quentes, intermináveis. Os cafés à beira mar. Os reenontros, as novidades, os novos planos.

De volta, de volta.

Mas algo mudou.

Os lugares ficaram, as caras mudaram.

E bem por dentro parece que algo mais se derramou, se partiu. Mais um novo pedaço nasceu e se desencaixou. Sou algo que não entendo ainda, tavez perceba no final de todas as coisas. Talvez seja, apenas, um novo ciclo.

Assim, aqui estou, de volta a casa.

Mas... onde é casa?

Ao som de: Mayra Andrade - Lapidu Na Bou

domingo, 8 de fevereiro de 2009

A meta final...


E assim, passados 8 meses, chego à meta final…

Até aí tinha andado perdida por aqui. Perdida… na Suécia.

É incrível…

Perdermo-nos exige muito. É um desafio bem maior que qualquer caminho traçado. Perdermo-nos… exige a descoberta…

Nos últimos 8 meses optei deliberadamente por me perder pelo mundo. Lançar os dados do acaso e apostar neles meu destino. E hoje sinto que ganhei o prémio maior.

Perdi-me, sim.

Já pensaram? A sensação de nos perdermos é assustadora… Às vezes, sozinhos, temos que nos orientar sem rumo, apenas seguir os nossos instintos. Muitas vezes temos medo, vamos por caminhos errados ou chegamos a becos sem saída… perdemos mais tempo. Mas acabamos por ver as ruas mais bonitas, descobrir coisas que a gente comum não viu. E muitas vezes, forçamo-nos a perguntar o caminho. Falar, comunicar. Descobrir pessoas que nos convidam a conhecê-las. Que nos mostram o seu mundo. Que nos cativam.

Quando nos perdemos descobrimos os pequenos cafés de esquina, os segredos das cidades. Descobrimos coisas e gentes de todas as cores.

E, se ontem cheguei, sozinha e vazia, hoje, dando o caminho maior, aqui chego, à meta final.

Ganhei tanto…

Lá me esperavam cerca 40 pessoas. A minha festa de despedida. Todo o meu mundo concentrado numa sala. Sorrisos de pessoas que me marcaram para sempre, que fizeram de mim uma pessoa mais rica, apenas por as ter. Estou orgulhosa. Orgulhosa por ter a sorte de, um dia, lhes ter perguntado o caminho. Pessoas de todo o mundo, desde a Etiópia ao Iraque, passando por Vietname, Canadá, França, Dinamarca, Argentina! Que mundo! Que sorte! Pessoas que riem apenas por rir. Pessoas sempre sempre positivas. Pessoas empreendedoras, com histórias de sucesso. Pessoas sem medo de sonhar. Pessoas que apenas acalmam com a sua presença, que me deixam feliz por me dizer que está bem ser apenas eu. Pessoas que amo, do fundo do meu coração.

Passados 8 meses, é espantoso o que construí. Um mundo a meu redor, do nada.
Se consegui construir assim, um mundo, valeu a pena cada segundo da minha viagem. Sinceramente, tudo é tão fácil quando se sorri.

A minha festa envolveu muitos abraços, e dança ao som de música de colunas estragadas. Muita comida e bebida. Dançar tango entre a confusão. Francês, Inglês e sueco. Beijos em “família”. E uma sensação de desperdício partilhada com a Isabelle, quando nos apercebemos que durante estes meses deixámos passar o italiano, que é tão bonito e charmoso. Devíamos andar ceguinhas. Ou totós.

A minha festa foi partilha. Uma coisa qualquer que não consigo explicar… Ligações demasiado fortes para serem quebradas com a distância.

6ª feira parto, de malas e bilhete na mão. Tenho medo, é normal. Mas também uma certa paz. A sensação de ter conseguido. A sensação te ter conquistado.

Sou maior.

E “amanhã” espera-me uma tarde de pensamento algures num lugar ao pé do mar. Meu destino é um livro em branco. Devo voltar-me a perder?

Ao som de: Band of Horses - The first Song