domingo, 5 de outubro de 2008

Um fim de semana de Outono


Pois é… foi um fim-de-semana perfeito. Daqueles que nos enche os olhos, a alma, o coração. Daqueles recheados de histórias onde os dias parecem não ter fim, e as horas correm pela noite dentro. Perfeito na sua simplicidade de risos e conversa que poderiam ser só mais umas quaisquer… e por isso mesmo foram especiais.

Agora que assumi a minha relação de paixão pela Suécia, tenho que aceitar os altos e baixos desta condição. Quando se está apaixonado vive-se uma multiplicidade de sentimentos que não conseguimos controlar, agimos irracionalmente, não nos concentramos, não pensamos direito. Neste momento é o que sinto por esta cidade. Habituei-me à sua personalidade, encaixei nela, fiquei do seu tamanho, conheci-lhe os segredos, o seu corpo de ruas e praças que fui recheando de memórias. E já nem consigo viver longe dela.

O meu fim-de-semana começou na sexta, ás 4 da tarde. Larguei o escritório e segui directa a Copenhaga, onde me aguardava uma noite com a comunidade Portuguesa recolhida pela Ângela. Eu já não ia a Copenhaga há mais de um mês, e tenho a dizer que assim que saí do comboio me senti uma verdadeira saloia. Ao sair da estação poeirenta deparo-me com um espectáculo de estradas ruidosos, mendigos, lixo no chão… confusão. “Mas o que é isto?”. De repente encontrei-me com medo de atravessar estradas, dos encontrões das pessoas desconhecidas na rua, das vozes caóticas e poluição, da escuridão provocada pelo fumo dos carros, qual animal saído fora do seu território. Com o decorrer da noite lá me fui adaptando aos hábitos citadinos, mas sempre com a minha pequena Malmö a gritar no meu coração. Fomos beber uns cocktails, conhecemos uns senhores da Bósnia Herzegovina e acabámos a noite a beber cervejas num bar lendário frequentado por Erasmus, de paredes pintadas e ar húmido e peganhento, misturado com vozes e fumo (inflelizmente não sei os nomes, depois escrevo).

Detalhe da casa de banho do tal bar

No domingo acordámos cedo e fomos ver o que se revelou como o jardim mais lindo de Copenhaga: o Frederiksberg. Por aqui o Outono já se encarregou de pintar a natureza de todos os tons entre o verde e o vermelho. E não podia ter revelado maior esplendor. Não consigo descrever o que parece ser passear dentro de um quadro…Mas a quem passar por cá nesta altura não deixe de visitar este parque maravilhoso. Levem um livro, um bloco de notas, uma câmara… e apenas deixem-se ficar…

Depois fomos ao flea market com uma amiga de Malmö que reconfortou um pouco o facto de eu ser uma saloia fora do seu território. Só tinha tralha, mas ainda assim é sempre interessante experimentar tais artefactos que parecem saídos do baú da avó.

Passada uma tarde a passear pelas ruas de Copenhaga, dou por esgotado o meu bilhete de 24 horas de transportes, que me obriga a regressar, aliviada, à minha adorada Malmö. O meu mundo.

Mais uma vez tenho uma saída típica de Malmö. Simplesmente saio de casa sem quaisquer planos. Acabo por ir jantar com uma amiga sueca ao restaurante indiano, de seguida encontramo-nos com o nosso amigo iraquiano que nos acompanha ao bar árabe, onde passamos a noite a falar de diferenças culturais. Quando esgotamos a conversa, a paciência para jogar dominó, gamão, e a resistência à sheesha, saímos, pensando ter a noite terminada. Nem por isso. À meia noite o nosso novo amigo canadiano dá sinais de vida. O resultado revela-se numa noite caseira de tarte de framboesa, vinho branco, e o meu novo vício: o jogo “Settlers”. Conversa que se estende desde as montanhas do Canadá à guerra no Iraque… e de repente são 6 da manhã… e o sono já não nos deixa mais continuar… Voltamos de bicicleta por entre uma noite de folhas douradas, beiras de canais e despedidas ao som das nossas campainhas.

Domingo acordo cansada mas não me deixo ficar. Já é tarde mas ainda tenho tempo para uma aula de Tango do Couchsurfing onde encontro o meu amigo francês, regressado de umas férias em Marrocos. Combinamos uma tarde de estudo num dos cafés alternativos de Malmö: Glassfabriken, que deve ser um ponto de visita por quem cá passar. É um café activista gerido por voluntários, e é um mundo especial. Aqui nenhum dos objectos condiz, o que no resultado final se revela a combinação perfeita.

Depois de um dia tão cheio, juntam-se mais dois amigos e passamos a tarde a suspirar, felizes, apenas, por estarmos juntos, relaxados em poltronas, desfrutando a meia luz, a música e a “cosyness” Sueca. Felizes por nos termos conhecido… felizes por estarmos aqui.

E enquanto lá fora cai a chuva, por dentro está calor…

Ao som de: Rilo Kiley - I Never

7 comentários:

Primas disse...

Eu vou lendo, vamos falando, vou comentando... estamos de facto em sintonia! há qualquer de especial na Suécia... e começo a sentir vontade de aí voltar... acolhes-me? :)

beijinho

Lígia disse...

Isso ainda se pergunta? :)

E é muito bom ter uma pessoa em sintonia comigo!

g. disse...

eu tb quero irrrrrr!!

Lígia, eu vejo os teus posts e fico com imensa vontade de ir VIVER para a Suécia, não é conhecer é VIVER!

Arranja um job pra mmmmmmiiiiiiimmmmmmmmm :p

Lígia disse...

Tenho um feeling de daqui a uns meses vamos andar por aqui os dois à procura de trabalho ;)

Dinis disse...

tenho tido couchsurfers todas as semanas.. e a melhor maneira de conhecer novas pessoas e novas culturas sem saires do teu sofazinho :)

espero q esteja tudo bem por ai..

:)

Lígia disse...

Desde que me mudei para cá que me tornei fã do Couchsurfing! Também tenho conhecido pessoas maravilhosas, embora faça mais parte das actividades do grupo local e não tanto como host.

Ainda assim... É lindo!

guli disse...

O Bar chama-se MOOSE, e é um local maravilhoso para conhecer pessoal interessante.

bjoka