(Disseram-me, entre trocas de autocarros, algures em Picadilly, às 3 da manhã.)
Bansky
Cidade das cidades, andas pelas ruas a tentar perceber onde te encaixas por entre estes dias cheios de nuvens, e chuvas cinzentas, e vento molhado, e esquinas tão frias como a noite.
Londres.
Um cliché de autocarros vermelhos, de armazéns e boutiques, sacos de compras e cafés.
Londres.
Apercebe-te de quem te rodeia. Olha nos olhos de quem se senta à tua frente no
tube. Tenta perceber de onde vêm as gentes. Cansadas, coloridas, tardias. Vieram para cá como eu, com esperanças, decerto. Esperanças de encontrar aqui uma oportunidade, um sonho, um caminho. Agora, observa a cidade.
Londres.
A cidade que tem a capacidade de te esmagar na confusão. Apercebe-te de como ela te mostra como és pequeno, microscópico! Um átomo no universo.
És fraco. És lento, és pobre, és ninguém, ninguém te conhece, não sabes nada, não tens estilo. És imigrante, tens saudades de casa, tens frio, estás cansado. Mas, olha!
Londres!
Estás na cidade das cidades!
Observa agora como esta se abre para ti! Tens o mundo num piscar de olhos. Fazes parte de um todo, és todas as culturas, és criativo, tens estatuto, tens pinta, tens charme, tens cocktails, tens festas, tens arte, dás pontapés na arte, nasce por todas as pedras, vestes-te bem, tens dinheiro (mais que no teu país), tens amigos, estás no topo do mundo!
Londres é uma adolescente maquilhada em saltos altos, numa noite de chuva.
Londres é uma utopia. Londres é mil.
Mas a minha cidade é invisível e não a encontrei aqui, só pedaços, só momentos, só cruzamentos.
A minha cidade é pequena, e brilha o sol, e tem uma alma apenas.
E Londres... Londres é isso... e não é... não entendes?
Porque Londres... Londres não é Inglaterra....
E os Londrinos não são ingleses.