segunda-feira, 1 de julho de 2013

... continua na Hungria

Vista de casa, Budapeste

Começou na Suécia.

O quê? A aventura? Já tinha começado bem antes, talvez a vontade de partilhar o que se tem vergonha de ser lido (ainda tenho o hábito de não querer que leiam textos meus à minha frente). Um grande parêntesis no resto da vida, e agora um novo lugar, com novas histórias para contar.
Termino (por enquanto) com este capítulo, pela Suécia.

Continuo aqui.

Ao som de Throw me the statue - Conquering Kids

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Com o vazio, me encho

Que devo dizer senão isso?

Que é melhor ficar assim e enamorar-me antes de uma canção? Que devo dizer senão isso? Que é melhor desfazer-me de tudo e tornar-me tão simples que apenas devo controlar os seguintes minutos da minha liberdade?

Deixar o carro no passeio, deixar a casa cheia, os moveis e os objectos. Contar 5 coisas: uma colcha e um pente, uma muda e um candeeiro, e uma canção para me enamorar.

"Eu não percebo o que vias aqui..." Dizia-me ela, o comboio a rolar.
"Sabes, é como se te tirassem tudo, e depois percebes que esse vazio te enche muito mais que todas as coisas comuns."

Eu nunca quis nada disso... senão sair à rua e beber a vida na cara das pessoas, e olhar para os muros como se fossem meus. Fechar tudo num armário e agora sim, entre o rio e as pontes, andar lavar o sol das fachadas e azulejos.

"É como se te tirassem tudo e de repente percebes que o mundo te preencheu o espaço."

Desse vazio agora escrevo e digo.
A canção preencheu-me a noite. Tenho 5 coisas. Mas da minha janela entra o rio e as colinas e o castelo.

E assim, com o vazio, me encho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

"Londres não é Inglaterra, e os Londrinos não são Ingleses."

(Disseram-me, entre trocas de autocarros, algures em Picadilly, às 3 da manhã.)




Bansky

Cidade das cidades, andas pelas ruas a tentar perceber onde te encaixas por entre estes dias cheios de nuvens, e chuvas cinzentas, e vento molhado, e esquinas tão frias como a noite.

Londres.

Um cliché de autocarros vermelhos, de armazéns e boutiques, sacos de compras e cafés.

Londres.

Apercebe-te de quem te rodeia. Olha nos olhos de quem se senta à tua frente no tube. Tenta perceber de onde vêm as gentes. Cansadas, coloridas, tardias. Vieram para cá como eu, com esperanças, decerto. Esperanças de encontrar aqui uma oportunidade, um sonho, um caminho. Agora, observa a cidade.

Londres.

A cidade que tem a capacidade de te esmagar na confusão. Apercebe-te de como ela te mostra como és pequeno, microscópico! Um átomo no universo.
És fraco. És lento, és pobre, és ninguém, ninguém te conhece, não sabes nada, não tens estilo. És imigrante, tens saudades de casa, tens frio, estás cansado. Mas, olha!

Londres!

Estás na cidade das cidades!
Observa agora como esta se abre para ti! Tens o mundo num piscar de olhos. Fazes parte de um todo, és todas as culturas, és criativo, tens estatuto, tens pinta, tens charme, tens cocktails, tens festas, tens arte, dás pontapés na arte, nasce por todas as pedras, vestes-te bem, tens dinheiro (mais que no teu país), tens amigos, estás no topo do mundo!

Londres é uma adolescente maquilhada em saltos altos, numa noite de chuva.
Londres é uma utopia. Londres é mil.

Mas a minha cidade é invisível e não a encontrei aqui, só pedaços, só momentos, só cruzamentos.
A minha cidade é pequena, e brilha o sol, e tem uma alma apenas.

E Londres... Londres é isso... e não é... não entendes?
Porque Londres... Londres não é Inglaterra....
E os Londrinos não são ingleses.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Lembrando e perguntando

"Quais são as redes de que nos construímos
Teias entrelaçadas
De nós de passos, e notas de música
E coisas que pontapeámos
No caminho
Quais são as laçadas desta malha que tricoto
De todos os sonhos do mundo
Onde em breve te enleio
Em palavras de amor e esperança
Enleio-te, neste sonho
Construindo-te, assim, em mim.
Nesta rede imensa
Da vida que me fez eu…"


Voltar a este limbo é quase como voltar a conhecer-me a mim mesma, a fazer perguntas, a conviver com a minha personalidade e a descobrir quem fui e quem sou, novamente.
Vou deixar este cidade onde estive nos últimos tempos e onde não fui feliz, para me encontrar num outro lugar qualquer que seja meu.
Voltei a escrever todos os dias. Voltei também a sentir a paz de estar bem comigo. Deve ser um sinal a dizer-me ao ouvido "Fizeste bem!". 
Acima de tudo, isso: sermos fiéis a nós próprios. E aprendermos a partir mesmo se acharmos que todos pensarão que é incorrecto.

sábado, 9 de outubro de 2010

Fim da estrada

Cacela Velha - Algarve

"Chegaste ao fim, na escuridão cerrada.
(...)
Admite: és jovem ainda, mas já tentaste todos os caminhos. Eram escapatórias, desvios, falsos caminhos. Não fizeste nada de mal, não julgues que és mais culpada de que os outros. Amaste a tua mãe, desesperaste quando compreendeste que neste mundo Deus não negoceia e que cada decisão é um sacrifício. Não te conhecias a ti mesma e não querias magorar ninguém - isso seja dito em teu favor. Foi então que começaram os teus erros."

Annemarie Schwarenbach em  " Morte na Pérsia"


terça-feira, 27 de abril de 2010

BERLIIIIIIIIIIIIIM!!!!

Fui a Berlim!

A última vez que tinha passado por lá apenas conheci o aeroporto... Tinha 2 anos, o muro ainda estava de pé e eu estive no east side! Yeah!

Hoje Berlim é uma nova cidade, um novo mundo. Berlim é um livro aberto onde a história ainda é viva, ainda se ouvem gritos de dor e de liberdade, e onde agora nascem novos sorrisos. Porque todos querem tornar a cidade agradável e feliz, mas é impossível caminhar sem perceber que todos os belos edifícios estiveram outrora destruídos, que antes exitiu um muro que separou dois mundos e que agora atravessamos livremente... tanta dor e guerras sem sentido. Cicatrizes pela cidade.

Berlim é o que tanto gostei de chamar de "porcaria artística" (perdoem-me a expressão). Existe algo de arte entre o caos, grafittis, as pinturas de parede, os prédios de ocupas, as pedras quebradas. A arte de Berlim é uma mistura entre alegria, libertação e agressividade, rancor!
Assim como as gentes...

Adorei, soube-me a pouco. A "C12 de Berlim" foi impecável!

De Berlim ficam as memórias das ruas, da noite, dos turcos, da ponte para onde toda a gente vai à noite beber cerveja, da história, do fotomaton da rua de Varsóvia (não me lembro como se diz isto em alemão)...

E ficam as bolhas nos pés...






Ao som de - "Mission - Dispach"

Ainda recordando Sines

Ainda recordando o maravilhoso festival de músicas do mundo de Sines... Tive que ir a Portugal a em Julho, e aproveitei para marcar na data do festival.


Hoje deparei-me com um textinho, escrito em casa, depois do regresso de Sines, de muita música, suor e insónias... A Suécia à minha espera, a um dia de regresso. Eu ainda em fase de negação... Mal sabia o que me esperava.
Fica aqui, para recordar:

"27 de Julho - Troia

Tenho sal na pele
Poeira no corpo
E restos da noite colados em mim…

Talvez devesse lavar estas marcas, ficar limpa e perfumada.
Mas recuso-me.

O meu suor amolece-me os poros e prende os grãos de areia, colados numa noite de luar… Os pés sujos e arranhados - foram-no porque dancei sem amarras com braços erguidos ao vento. E a poeira veio trazida de todos os lugares, embalando lendas, saudades e cheiros…

Eu aqui me fico, a pensar. Toda a sujidade me acaricia como um regaço. Morna e macia, traz a saudade.

Trago esta essência de liberdade colada a mim. Esfrego as mãos na cara para cheirar a saudade, passo dedos pelos cabelos para desembaraçar sonhos. Inspiro-me… para perceber… se ainda me lembro… ou para prender tudo a mim para sempre. Pois estas emoções são grandes de mais para caberem só em meus olhos! E a liberdade não é limpa! É a comunhão com todos os elementos deixados em nós!!!

Ao lado de mim, água limpa.
Lavar o corpo, lavar a alma, lavar a vida. Preparar para outra noite, outro dia, outra etapa.
Deixar para trás…

Ainda hesito. Ainda recuso!

É cedo demais para lavar os sonhos…"



Ao som de: Nijdaay - Orchestra Baobab